Paulista
de Jardinópolis, Ricardo Lima
bate às portas
dos 40 com
seu
quarto
livro
embaixo
do braço:
Impuro
Silêncio
(2005). Editado pelo
selo
carioca
Azougue,
o rebento
reúne poemas
dos anos
de 2000 a 2004. Seus
volumes
anteriores
são:
Primeiro
Segundo
(Arte
Pau-Brasil,
1994), Chave
de Ferrugem
(Nankin,
1999) e Cinza
Ensolarada
(Azougue,
2003). Outras três
cidades
se destacam em
sua
trajetória.
Ribeirão
Preto,
quando
ali
estudou jornalismo
e atuou como
produtor
cultural. Campinas,
onde
reside e trabalha.
E Morungaba, pequena
cidade
do entorno campineiro, escolhida para
“viver”.
Num
sobrevôo geral
por
sua
poesia,
encontramos em
funcionamento
uma escrita
à maneira
memorialística sem
se sustentar
como
narrativa,
mas
em
forma
de
quebra-cabeças,
de fragmentos
de lembranças.
Memórias
pessoais
ou
não,
há eu
líricos
recordando a infância,
um
passado
difícil
de circunscrever
em
suas
perdas,
mortes
e dores
que
teimam em
se atualizar
no verso.
Isoladamente, as cenas
são
compostas de materiais
cotidianos,
não
muito
urbanos
e sempre
ao alcance
do leitor.
A seqüência
delas e o molho
denso
que
às vezes
formam é que
podem embaralhar
a expectativa
por
um
fluxo
mais
narrativo.
Ricardo
administra a sintaxe
de seus
poemas
com
agilidade e economia.
Seus
versos
livres
gostam de ser
curtos,
circundando a medida
da redondilha
maior.
Ritmicamente, tal
escolha
pode gerar
uma decisão
de leitura.
Às vezes
nos
perguntamos: esses
três
versos
aqui
são
para
ler
de um
só
respiro?
Por
outro
lado,
a secura
sintática
chega
ao limite
de fazer
de alguns
seguimentos
de vocábulos
verdadeiras listas
de palavras-chaves.
Crítica&Companhia:
Em
2005, você
completa
11 anos
de publicação em
volumes.
Já
é possível
falar
da “obra”
de Ricardo Lima?
Antes
dos livros,
como
era
publicada sua
poesia?
Ricardo
Lima:
Não.
Claro
que
isso
seria um
exagero.
Primeiro
porque
se trata
de uma pouco
prolífera
produção
poética:
algumas dezenas
de poemas,
distribuídos em
4 livrinhos, em
quase
20 anos
(os primeiros
poemas
são
de 1986). Segundo
porque
nunca
quis “institucionalizar”,
para
mim
mesmo,
essa coisa
de poeta
ou
escritor.
Tomei contato
com
a boa literatura
aos 17 anos,
com
“Cem
Anos
de Solidão”.
Antes
disso, no ginásio,
nunca
me
ensinaram a “ler”
os livros
exigidos. Só
me
interessava por
história
e geografia,
quis ser
arqueólogo
e cheguei a cursar
três
anos
de Geologia.
Aí
resolvi abandonar
tudo,
mudar
para
São
Paulo e viver
mais
“próximo”
dos livros
e da vida
literária.
Mas
não
quis estudar
letras
ou
filosofia,
ter
uma profissão
ligada
a essas áreas.
A poesia
me
interessa pelo
encanto,
eu
não
queria dissecá-la. Conheci, de cara,
dois
autores
fundamentais:
Roberto Piva e Leonardo Fróes. Aprendi que
ser
poeta
está muito
longe
do mero
registro
de versos
em
livros
laureados com
medalhas
e tartarugas.
O não-compromisso com
a construção
dessa “obra”,
dessa “carreira
literária”,
fez deles figuras
singulares
na poesia
brasileira
dos últimos
40 anos.
São
dois
eruditos
com
muita
cachoeira
nas costas.
Talvez
para
facilitar
a aplicação
dessa primeira
lição,
optei por
um
curso
“mole”
de jornalismo
e fui ser
produtor
cultural, assessor
de imprensa,
organizador
de palestras,
mostras
de cinema...
Depois,
por
acaso,
migrei da cultura
para
a agricultura.
Trabalhei numa central
de abastecimento, fiz especialização em
agronegócio, editei publicações do setor
agrícola,
coordenei o marketing
de um
programa
de exportação
de flores.
Enfim,
nos
últimos
15 anos,
fiz diversas coisas,
menos
construir
uma “obra”.
Respondendo a segunda
parte
da pergunta:
antes
do primeiro
livro,
tive pouquíssimos poemas
publicados, e em
veículos
sem
nenhuma expressão,
como
os semanários
de Jardinópolis. As duas exceções
foram: um
poema
na revista
AZ, em
1988, por
intermédio
do Caio Fernando Abreu; e um
no Caderno
2, no
início
de 1994, por
ocasião
de uma matéria
sobre
novos
poetas
e anonimato.
C&C:
Seus
poemas
não
possuem títulos
e todos
se iniciam com
letra
minúscula.
Por
essa razão,
no meio
de qualquer
um
de seus
livros,
podemos perceber
blocos
de poemas
que
ensejam a leitura
em
conjunto.
Há casos,
inclusive,
que
tal
leitura
é até
mais
enriquecedora, sobretudo
em
alguns
poemas
exageradamente sucintos
ou
enigmáticos. Antes
de comentar,
vamos exemplificar
o que
dizemos para
que
nossos
leitores
conheçam um
pouco
de sua
produção.
Em
seu
livro
de estréia,
Primeiro
Segundo,
há a seguinte
seqüência
de cinco
poemas
que
ganha
com
a leitura
em
bloco.
Há um
sentimento
de perda
que
se atualiza
diferentemente
em
cada
uma das peças:
*
agora
coisas
pequenas:
somente
livro
que
assusta,
dias
com
bebida,
outros
sem.
fotografia
que
não
escondi.
a
escova
de dentes
da direita.
*
espero
o telefone
que
toca
em
outro
andar.
chuva
e
um
incerto amor
a
tomar
conta
deste.
*
freqüento
a manhã
como
enfrento pássaros
de alucinação
com
perda
de cílios
pela
rua
cabeça
encharcada de presságios
nuvens
rodeando a vítima.
*
pessoas
se perdem
vizinhos
mudam da infância
amigos
somem de tempos
em
pentes.
família
morre
amor
passa
cidades
partem.
as
tardes
não
as recebo mais.
*
resta
o caminho
não
traçado do descuido
e
a pele
lua
dos lábios.
o
palito
de acender
olhos
queima
entre
dedos
e cinzeiro.
roupa
suja
ainda
se usa.
resta
a aldeia
esgotada do corpo.
*
R. L.:
Sou péssimo
para
títulos.
Minha
mulher
é que
escolheu o nome
do nosso
filho.
Dos três
livros,
só
nomeei o primeiro,
um
sacrifício,
o livro
estava indo pra
gráfica
e ainda
não
tinha
título.
Acho que
dei sorte:
Primeiro
segundo
me
parece um
bom
título
para
estréia.
Chave
de Ferrugem
e Cinza
Ensolarada
são
versos
dos respectivos
livros
e foram escolhidos pelo
poeta
Fábio Weintraub, editor
de um
deles e apresentador
dos dois.
Eu
também
havia sugerido alguns,
mas
eram muito
inferiores.
Este
Impuro
silêncio
(a sair
em
dez/2005),
que
também
é um
verso,
é sugestão
minha
acatada pelo
editor.
Acho que
desta vez
acertei, mas
como
isso
é raro,
nem
pensar
em
dar
título
aos poemas!
Em
relação
aos poemas,
essa dificuldade
me
mostrou que
o título
poderia
limitar,
ou
direcionar,
a
interpretação,
e me
interessa a ambigüidade,
a sugestão.
Quando
fui organizar
o primeiro
livro,
vi que
a seqüência
poderia
sugerir
um
encadeamento
positivo
ao ritmo,
à unidade,
à dicção.
Por
isso
concordo com
a sua
observação,
em
alguns
momentos
há seqüências
que
ganham com
a leitura
em
bloco.
Mesmo
porque,
como
o universo
temático
é bastante
reduzido (isso
também
descobri depois),
o encadeamento
favorece a leitura
do conjunto,
o que
me
agrada.
C&C:
Alguns
de seus
leitores,
como
Fábio Weintraub e Manoel da Costa
Pinto,
já
destacaram genericamente o trabalho
com
a memória.
Parece que
seus
quadros
ou
cenas,
pintados
à maneira
de recordações, surgem num local
hoje
pouco
explorado pelos
poetas:
o interior
de São
Paulo. Ou
seja, a poesia
atual
feita
no estado
tende para
o urbano
da capital,
identifica-se com
ele,
pelo
menos
a mais
divulgada, enquanto
você
prefere cenários
de morros,
sanhaços,
sítios,
cachorros,
pequenas
cidades,
relações
humanas do interior.
Em
quê
seu
projeto
poético se diferencia de suas
experiências
pessoais?
Um
exemplo
de Chave
de Ferrugem:
*
há
resumos
de sombras
no telhado
semblante
de roupas
vazias
e
o telefone
do amigo
que
morreu
na
escada
da escola
olho
de vidro
fiscaliza uniforme
há
pedra
no sapato
do caminho
freiras
em
fila
nuvem
no domingo
de festa
manchete
de chamas
e copo
d’água
sem
esquinas
o dia
manso
reto
recolhido
com
tangerinas
e alho
de rouquidão
todos
os sanhaços
são
janelas
há
chá
e reza
quase
nenhuma serra
mas
curva
e
neblina
*
R. L.:
O meu
projeto
poético são
minhas
experiências
pessoais.
Como
disse na primeira
resposta,
não
penso
em
obra
literária.
Registro,
por
meio
da poesia,
minhas
emoções,
indagações,
vazios,
plenitudes.
Porque
se não
o fizesse explodiria. Ler
é muito
mais
agradável
que
escrever.
Escrevo quando
estou vazando.
A
respeito
do “cenário”
da poesia,
sou um
“caipira”
do interior
paulista.
Fiquei até
os 18 anos
em
Jardinópolis, depois
vivi em
Rio
Claro,
Ribeirão
Preto
e estou em
Campinas
há 10 anos.
Que
pode ser
uma “metrópole”,
mas
“interiorana”.
É claro
que
a solidão
do cosmopolita,
a vida
urbana,
a fuligem,
os ruídos,
também
estão nos
poemas.
Vivi em
São
Paulo (1988 e 1993/94) e Londres (1995). Mas,
mais
recentemente,
há uma preferência
pelo
campo.
E não
só
o cheiro
de mato
e o ambiente
rural,
mas
o sol
da cidade
pequena
volta
novamente
ao meu
ritmo
de vida,
às minhas
paisagens.
Concordo
com
o Fábio e o Manoel, a memória
é um
elemento
forte
no que
escrevo, pois
trato
muito
da morte,
do esquecimento,
do tempo
que
escoa, da parede
que
descasca. Por
isso
o cenário
da infância
está muito
presente
para
as metáforas
dessas perdas.
C&C:
Em
muitos
instantes,
sua
poesia
descortina
um
leitor
do
surrealismo
praticado por
Murilo Mendes, o qual,
inclusive,
empresta a epígrafe
para
Chave
de Ferrugem.
Como
lidar
com
a presença
de um
poeta
dessa
envergadura
sem
repeti-lo ou
desgastá-lo?
R. L.:
Como
escrever,
depois
de tanta
coisa
tão
bem
escrita?
Murilo é apenas
um
de uma estante
cheia
de poetas
que
ocupariam meus
dias
até
o final
da vida,
sem
precisar
me
preocupar
em
escrever
uma linha.
Minhas
leituras
são
meus
professores:
Pessoa,
Bandeira,
Murilo, Drummond... Delinear
os limites
da influência,
controlar
os graus,
não
é coisa
fácil.
Acredito que
o caminho
é tentar
ser
verdadeiro.
Não
há, da minha
parte,
nenhuma intenção
de filiação
literária,
pertencer
a este
ou
aquele
grupo
ou
geração.
Escrevo totalmente
imerso
no meu
poema,
mas
não
posso querer
me
isolar
do inconsciente
repleto
de referências.
Espero, e faço esforço
para
conseguir,
não
repetir
nem
desgastar
o que
já
foi feito.
Acredito,
também,
que
a não
especialização me
ajuda
um
pouco
nesse aspecto.
Tenho grande
interesse
por
poesia
inglesa, mas
minhas
leituras
são
totalmente
desordenadas. Para
exemplificar,
minhas
leituras
mais
recentes:
Walden, do Thoureau, poetas
portugueses (Herberto Helder, Helder Macedo e Nuno Júdice) e Iván Ilitch,
do Tolstóy. Agora,
em
dúvida
entre
o novo
romance
do Nelson de Oliveira,
os poemas
da Laura
Riding e uma biografia
do Goethe, optei pelos
contos
da Katherine Mansfield.
C&C:
Em
seu
novo
livro,
lê-se:
*
há
silêncio
que
não
cabe na boca
palhaços
que
não
choram
no
fim
dia
que
não
pimenta
a noite
almofada
muda
onde
deita o sonho
sala
branca
bisturi
e esparadrapo
*
O poema
renova uma temática
encontradiça
em
sua
lavra:
o vazio.
O
tratamento
é ainda
cotidiano
e sintético.
Mas
não
há rememoração, tampouco
imagens
externas.
Há aqui
alguém
internado na solidão
de um
hospital,
ao invés
do vazio
dentro
de casa
ou
do quintal,
percebido em
vários
outros
poemas.
Houve, neste novo
volume,
a
iniciativa
de distender
e transformar
temas
já
largamente
trabalhados?
R. L.:
Acho que
não,
pois
não
há nada
pré-concebido em
relação
ao que
vou escrever.
Sento e escrevo. Algumas vezes,
todas as noites
durante
uma semana.
Outras, passo
meses sem
produzir
nada,
nenhum
verso.
Já
escrevi muito:
foram quase
500 poemas
para
espremer
os 27 que
compõem o primeiro
livro.
No mais
recente,
publicarei 31, de 60, feitos
em
quatro
anos.
Com
isso
quero entender
que
os poemas
agora
são
escritos
mais
dentro
de mim
do que
no papel.
Há 20 anos
eu
precisava de exercício.
Agora
preciso
acumular.
Escrevo quando
estou repleto.
Não
procuro,
intencionalmente,
trabalhar
os mesmos
temas,
a mesma
dicção.
Escrevo assim
porque
não
sei fazer
diferente.
Falo
sobre
esses
temas
porque
são
os que
me
perturbam, me
tiram o sono.
O hospital
pode ser
uma imagem
nova
(eu
nem
sabia), mas
a dor
é antiga.
A “sala
branca”
é apenas
mais
uma metáfora
do vazio,
da finitude. O “bisturi”
agride o leitor.
O “esparadrapo”
fecha
o corte,
reforça
o branco.
C&C:
O que
você
lê
da produção
poética
recente?
Que
poeta,
surgido nos
últimos
30 anos,
você
indicaria.
R. L.:
Procuro ler
o máximo
possível,
mas
é difícil,
publica-se muito,
o que
é bom,
mas
está acima
da minha
“capacidade
de absorção”.
Como
não
faço resenhas,
nem
tenho muitos
amigos
no meio
literário,
não
recebo livros
dos autores
pelo
correio,
o que
seria uma maravilha.
Não
tenho nem
os meus
parceiros
de Azougue,
pois
o lazarento do Sérgio Cohn (editor)
até
hoje
não
me
mandou. Mas
as revistas
literárias, e hoje
temos muitas de qualidade,
permitem uma visão,
um
apanhado,
registrar
um
nome
aqui,
outro
ali.
Como
detesto ir
a São
Paulo, raramente
consigo,
nas livrarias
de Campinas,
os jovens
autores,
que
surgem em
editoras
pequenas,
com
dificuldades
enormes
na distribuição.
A opção
da internet
não
me
agrada.
Não
gosto
de ler
na tela,
meu
acesso
é discado, tenho sono...
Em
relação
ao poeta
surgido nos
últimos
30 anos,
como
apontar
um
e não
ser
injusto
com
tantos
autores
bons?
Para
não
deixar
de responder
vou procurar,
nessa injustiça,
fazer
“justiça”
e falar
em
Leonardo Fróes. Tenho certeza
que
o leitor
desse Critica & Companhia
é um
iniciado
no assunto
e não
está lendo esta entrevista,
por
acaso,
na sala
de espera
do dentista.
Pois,
quantos
já
leram um
livro
do Leonardo Fróes? Muitos
já
ouviram falar,
afinal
ele
ganhou o Jabuti
de Poesia
em
1996 e o prêmio
de tradução
da Biblioteca
Nacional
em
2001. Aliás,
muitos,
provavelmente, terão algum
livro
traduzido por
ele:
Contos
Completos
(Virgínia Wolf), O Triunfo
da Vida
(Shelley), Trilogia
da Paixão
(Goethe), Panfletos
Satíricos
(Swift), Middlemarch (George Eliot), O Intruso
(William Faulkner), A sombra
do vulcão
(Malcolm Lowry), entre
algumas dezenas
de outros.
Pois,
para
quem
está interessado em
“fazer
justiça”
com
os próprios
olhos,
recomendo, todos
pela
Editora
Rocco: Vertigens
(sua
obra
reunida, 1998), Contos
Orientais
– baseados
em
fontes
da antiga
Ásia
(2003) ou
que
aguardem até
dezembro,
quando
sai seu
novo
livro
de poemas:
Chinês com
Sono.
C&C:
Uma última
questão
para
o poeta
e jornalista.
É modesto o espaço
que
a poesia
ocupa na imprensa.
Há pouca
crítica
ou
divulgação
sobre
a matéria
nos
jornais
e revistas.
Isso
resulta da falta
de
habilidade
dos poetas
em
tratar
com
uma mídia
transformada, ou
os
jornalistas
atualmente
estão menos
preparados
e aguçados para
a poesia,
sobretudo
a
contemporânea?
R. L.:
Acho que
o espaço
é pequeno
como
sempre
foi. Na história
da nossa
“grande
imprensa”,
apenas
alguns
casos
isolados merecem destaque.
Como
a vanguarda
que
o Mario Faustino trouxe para
o Jornal
do Brasil, a continuidade do Suplemente Literário
de Minas
Gerais
e uma ou
outra
iniciativa
de expressão
um
pouco
menor,
mas
não
menos
valiosa.
Não
penso
que
poeta
tem que
ter
habilidade
para
se relacionar
com
a mídia.
Hoje,
poesia
é coisa
pra
publicação especializada, 99% dos leitores
do Estadão
tão
se lixando pra
isso.
E o Estadão
idem.
Por
que
caderno
de veículos,
caderno
agrícola,
caderno
de gastronomia?
Porque
tem gente
interessada nisso. Agora,
é possível
fazer
uso
desses veículos
para
se formar
uma geração
de leitores,
quebrar
barreiras
culturais, lapidar
os mais
“toscos”.
Mas
dono
de jornal
quer
saber
disso? Não
sei. Sei que
falta
educação,
a base
de tudo.
Por
isso
faltam leitores
de poesia.
Se os tivéssemos, os donos
de jornal
venderiam jornal
com
poesia
dentro.
Pra
eles
tanto
faz, desde
que
se venda.
Sem
educação,
uma base
cultural sólida,
não
dá para
falar
que
os jornalistas
estão menos
aguçados para
poesia.
Falta
poesia
no coração
do país,
não
nas páginas
dos jornais.
Eles
apenas
refletem a pobreza
que
impera do palácio
às palafitas. |